quinta-feira, 3 de abril de 2014

Perspectivas diferentes sobre o mecanismo de evolução

A teoria da evolução é aceite na generalidade da comunidade científica, servindo como ligação de todas as áreas especializadas da biologia. A evolução fornece ao campo da biologia uma base científcia sólida. Ninguém descreveu melhor a significância da teoria evolutiva do que Theodosius Dobzhansky (1900-1975) com o título do seu artigo "Nothing in Biology Makes Sense Except in the Light of Evolution" (Nada faz sentido em biologia excepto à luz da evolução).
No entanto, a teoria da evolução não é estática. De facto, há muita discussão na comunidade científica em relação aos mecanismos responsáveis pelo processo evolutivo. Por exemplo, a taxa a que a evolução ocorre ainda é assunto de debate. Para além disso, a unidade primária da mudanças evolutiva, o organismo ou os genes, ainda não é consensual.

Taxa de mudança
Em relação à taxa de mudança evolutiva existem duas perspectivas. Darwin e os seus contemporâneos viam a evolução como um processo lento e gradual. Árvores evolutivas são baseadas na ideia que diferenças profundas nas espécies são o resultado da muitas pequenas mudanças que se acumularam durante longos períodos.
A visão que a evolução é gradual tem por base o trabalho do geólogo James Hutton (1726-1797) e a sua teoria é chamada "gradualismo". A teoria de Hutton sugere que mudanças geológicas profundas são o resultado cumulativo de processos contínuos e lentos. Uma perspectiva semelhante foi adoptada em relação a mudanças biológicas. Tal visão falha quando tenta explicar o registo fóssil, que mostra espécies novas a aparecer de repente, e depois persistindo durante longos períodos. O paleontólogo Stephen Jay Gould (1940-2002) desenvolveu um modelo juntamente com Niles Eldredge que sugere que a evolução experiencia períodos de mudanças rápidas alternando com períodos de estabilidade relativa, um modelo chamado "equilíbrio pontuado".
Unidade de mudança
Entre os biólogos, é geralmente aceite que a unidade da seleção é o organismo, e que a seleção natural serve para quer melhorar ou reduzir o potencial reprodutivo de um indivíduo. O sucesso reprodutivo, por isso, pode ser medido pela quantidade de descendentes de um organismo que sobrevivem. Esta visão tem sido contestada por alguns biólogos, assim como por alguns filósofos. Richard Dawkins, por exemplo, propôs mudar-se de perspectiva e olhar a evolução do ponto de vista dos genes, e ver a seleção natural como se estivesse a selecionar genes, além de selecionar organismos. No seu livro, O Gene Egoísta, ele explica:
Indivíduos não são estáveis, são fugazes. Os cromossomas também são misturados até perderem a identidade, como baralhos a seguir a serem dadas as cartas. Mas as cartas em si sobrevivem o baralhar. As cartas são os genes. Os genes não são destruídos pelo "crossing-over"; meramente mudam de parceiros e continuam. Claro que continuam. É esse o seu negócio. Eles são os replicadores e eles são as máquinas de sobrevivência. Quando nós tivermos servido o nosso propósito somos postos de lado. Mas os genes são donos do tempo geológico: os genes são eternos.

Outros viram a seleção a atuar em muitos níveis, não apenas ao nível de organismo ou do gene; por exemplo, Stephen Jay Gould recomendou que se tivesse uma perspectiva hierárquica sobre a evolução .

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